Maior mudança é a permissão de bariátrica a partir de 14 anos em casos excepcionais, analisa endocrinologista sobre decreto do CFM
Normas que flexibilizam os critérios foram divulgadas nesta terça-feira pelo Conselho Federal de Medicina
Publicado em 22 de maio de 2025
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O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nesta terça-feira (20) novas normas relacionadas à cirurgia bariátrica. A medida estabelece novos parâmetros para o tratamento cirúrgico da obesidade e da doença metabólica, possibilitando que indivíduos com índice de massa corporal (IMC) menor façam a cirurgia, além de adolescentes a partir de 14 anos. As regras estão na resolução CFM nº 2.429/25.   4f52m

As últimas normas a respeito do tema haviam sido divulgadas em 2015 e 2017. Conforme a médica Cintia Cercato, membro do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), trata-se de uma atualização importante. 

— A última resolução que regulamentava essas práticas no país tinha quase uma década. O CFM vinha discutindo essa atualização diante de todo o conhecimento que avançou nessa área nos últimos anos — afirma. 

Críticas ao IMC 6x3b2z

A endocrinologista, que também é membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), acompanhou as discussões da câmara técnica sobre o tema. Em sua avaliação, embora representem uma flexibilização, as medidas foram elaboradas "com cuidado e responsabilidade".

Pacientes com IMC acima de 40 kg/m², tendo ou não comorbidades, e pacientes com IMC acima de 35 kg/m² e inferior a 40 kg/m² com doenças associadas continuam sob os mesmos critérios para submissão à cirurgia. A diferença é que, agora, indivíduos com IMC entre 30 kg/m² e 35 kg/m² am a ser elegíveis à cirurgia, desde que tenham comorbidades associadas, como diabetes tipo 2, doença cardiovascular grave com lesão em órgão alvo ou apneia do sono grave, entre outras.

O entendimento de que o IMC é uma ferramenta insuficiente para aferir a obesidade e analisar a gravidade clínica do paciente vem sendo fortalecido por estudos na área, como publicação da revista científica The Lancet divulgada em janeiro. Segundo Cintia, a nova resolução traz esse olhar. 

— O IMC é uma medida boa para termos um retrato da população. Mas, do ponto de vista individual, tem suas críticas. Muitas vezes, o paciente não tem IMC tão alto, mas tem complicações de saúde por conta da obesidade. Posso ter um IMC alto, mas não à custa de gordura, pode ser muscular. O IMC tem essas falhas. Precisamos mapear como a gordura está influenciando a saúde do indivíduo — explica a especialista. 

 

 

 

 

Fonte: Bruna Casali / Com informações GZH
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